Não leia essa crônica

 Sei que mais parece uma manchete do YouTube, daquelas que te chamam a atenção, exatamente pela negação...

Mas ontem à noite enfrentei uma tempestade sem nuvens, sem o barulho dos trovões e sem o brilho assustador dos raios no céu...

Somente pensei alto ao me deparar, em um ambiente público movimentado, com um representante genuíno da transformação de gênero, que um dia foi uma linda mulher, acompanhado de uma transformista genial, que um dia já foi vista ou visto arrotando e suando bicas como um homem...

Que situação desconfortável, mas ao mesmo tempo amável, se a luz que os iluminava não fosse a de um candeeiro, num cenário perfeito, ainda que não fosse direito, era sim de uma família feliz.

Mas foi por um triz, que o  preconceito fluiu e o discernimento se desmoronou e eu caí no sofrimento. Que sentimento estranho!

Nem a Geni sofreu tanto, ao ser atingida com a pedra e o excremento do Zepelim; ela que dava para todo mundo, só não dava para mim.

Bendita Geni, maldita poesia de Chico Buarque de Holanda...Apedrejada e incompreendida, fiquei como ela, arrependido de ter tecido comentários e afins.

Cumpri todas as etapas do aprendizado e arrependimento, como um monge budista...Tomei aulas com Mahatma Gandhi e nem a Madre Teresa de Calcutá foi tão grande, ao me ensinar: "Respeite homem, aos seus iguais e semelhantes, e deixe os seus diamantes, como paga pela suas ofensas machista e veja lá como pensas, ao se reportar a mim; espero que ninguém te repreenda, nem leia essa crônica insana, ultrajante e ruim, para que caia no esquecimento, pois nem no meu mais puro sentimento, irei te perdoar"...

Graças a Deus foi um pesadelo e pude enfim acordar. 

* Marcão Leal é empresário do setor de comunicação em Janaúba