O sofrido destino de um escritor em ascensão

Era uma tarde abafada e cheia de expectativa. Oelton, nosso herói cotidiano e escritor aspirante, resolveu encarar a sua próxima missão: publicar suas crônicas em um jornal de renome.
Afinal, com 40 crônicas prontas e mais ideias fervilhando, era hora de sair do anonimato para as prateleiras do reconhecimento. Ou pelo menos, para as colunas do jornal impresso.
O Primeiro Contato “Grupo Correio de Comunicação” agradece seu contato. Como podemos ajudar?, respondeu o atendente com profissionalismo robótico.
“Gostaria de saber qual o procedimento para publicar minhas crônicas no jornal”, perguntou Oelton, ainda com um brilho de esperança nos olhos.
“Vou verificar com o redator. Jornal impresso?”
"Os dois. Jornal e portal”, respondeu ele, firme e com aquela convicção de quem está pronto para o sucesso.
“Passei para minha gerente comercial. Quando ela retornar com uma posição de valores, retorno com você”, respondeu o atendente. E foi aqui que a esperança começou a ser diluída, gota a gota, como café coado devagar.
“Você pode me enviar a crônica para avaliação?”, pediu o atendente.
“Tudo bem... Mas vou ter que pagar para publicar?”, perguntou Oelton, sentindo o peso do dilema literário moderno.
“Sim”, respondeu o outro com a frieza de quem explica que a chuva vai molhar mesmo sem guarda-chuva.
Sem se abater, ele decidiu seguir em frente. Afinal, quem disse que o caminho para o sucesso é fácil?
Enviou a primeira crônica: “Não Corro Como Quem Corre Sem Alvo”. Uma reflexão filosófica, profunda e que prometia despertar grandes debates.
“E aí? Gostou?”, perguntou ele, cheio de ansiedade.
"Tô lendo e gostando. Muito pensativo”, respondeu o atendente, para logo depois soltar: “Me deixou pensativa”. Um elogio vago, mas que ainda assim alimentou a esperança.
Dias depois, veio a resposta do redator: “Aprovado, mas vai ter custo. Jornal impresso, duas colunas, 28 cm".
Oelton, até então animado, perguntou: “Eta, mas quanto?”.“R$ 300,00”, veio a resposta seca.
Ele não sabia se ria ou chorava. Era como se o universo estivesse testando sua resistência financeira e emocional.
Com um suspiro resignado, decidiu guardar o dinheiro para algo maior: publicar seu próprio livro. Afinal, se é para investir, que seja em algo que traga retorno duradouro.
A vida de escritor é, de fato, um caminho de pedregulhos. Publicar em um jornal de grande circulação é um desafio que exige pertinência e conteúdo atrativo.
Mas e quando o custo se torna um obstáculo? É justo pagar para levar sua arte ao público? Ou é melhor buscar alternativas, como blogs, redes sociais e portais próprios?
E foi assim que surgiu o convite inesperado de um velho conhecido: Marcão, dono do portal “Serra Geral News”.
“Crie um nome para sua coluna e deixe sua imaginação voar”, disse ele, generoso. "Mapoja - Marabá, Porteirinha, Janaúba: Unidos pela força, cultura e, quem sabe, algumas confusões”, respondeu Oelton, com aquele humor que só ele tem.
Porque, no fim das contas, a arte de escrever é maior do que qualquer custo, obstáculo ou burocracia. E o Gorutubano segue em frente, com boas risadas e crônicas que fazem o cotidiano virar poesia.
Qual é a sua reação?






